Revisão de estudos reforça a importância do acompanhamento odontológico durante a gravidez. Descubra por que problemas bucais da mãe repercutem no bebê
Uma revisão de estudos da Universidade Pedagógica e Tecnológica da Colômbia revelou que gestantes com periodontite (infecção que destrói a gengiva e até os ossos que dão suporte aos dentes) correm um risco duas vezes maior de passarem por um parto prematuro (ocorrido com menos de 37 semanas de gravidez). Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores compilaram dados de 20 artigos científicos sobre o tema. No total, a análise abrangeu 10.215 mulheres de diversos lugares no mundo.
Resultado: em 60% dos levantamentos, a associação entre infecção periodontal e aumento da possibilidade de parto prematuro foi confirmada. E para entender o que explica essa associação, é necessário esclarecer como a periodontite surge.
De acordo com o odontopediatra Gabriel Politano, do Ateliê Oral Kids, em São Paulo, existem bactérias que permanecem o dia inteiro na saliva. Quando não há uma higiene bucal adequada, elas grudam nos dentes, formando a placa bacteriana (ou biofilme).
“O organismo, então, passa a se defender da infecção. Dessa maneira, surge uma inflamação: a gengivite. Se não for tratada, ela evolui para a periodontite”, explica o dentista, que também é diretor do Departamento de Odontologia para Gestantes e Neonatos da Associação Brasileira de Odontopediatria (Aboped).
Os sintomas costumam ser brandos: pequenos sangramentos na hora da escovação, mau hálito e inchaço gengival. “As pessoas acabam negligenciando por não causar dor, como uma cárie, que atinge o canal do dente”, lamenta Gabriel Politano.
O problema é que as bactérias por trás da periodontite não necessariamente ficam restritas à boca. Elas são capazes de viajar pelo corpo através dos vasos sanguíneos. “Quando a infecção é severa, que acomete todo o tecido de sustentação do dente, e o agente infeccioso cai na corrente sanguínea, se dissemina pelo organismo, alcançando o útero, o sistema imunológico aumenta a produção da prostaglandina, uma substância que ajuda a combater esses inimigos, mas também induz ao parto”. A situação se torna mais preocupante porque as gestantes são propensas a desenvolver gengivite e periodontite devido ao aumento da concentração dos hormônios. “Eles fazem com que a gengiva inflame com facilidade”, justifica Politano.
Entretanto, o desenvolvimento dessa doença é lento. Então, quanto antes for diagnosticado, menor perigo a futura mamãe corre.
A detecção da periodontite geralmente é realizada no consultório do dentista – às vezes, um exame de raios x é necessário – e o tratamento também ocorre por ali. Nas mulheres grávidas, o momento ideal para intervir é no segundo trimestre, quando há menor risco para a mãe e o bebê. Contudo, sempre vale conversar com o profissional.
Agora, mais importante que o diagnóstico precoce é a prevenção. “Assim como qualquer outra pessoa, as gestantes precisam manter a saúde bucal em dia. Isso significa se alimentar conforme a sugestão do obstetra e escovar os dentes de forma correta”, orienta Politano.
O especialista aconselha que as mulheres visitem o consultório odontológico duas vezes durante a gravidez.
Consultórios especializados em gestantes
As associações médicas e odontológicas brasileiras e internacionais, além do Ministério da Saúde, colocam o exame bucal como essencial durante a gestação. A visita ao dentista irá prevenir e/ou tratar condições, muitas vezes, com sintomas sutis, como por exemplo o sangramento da gengiva, que ocorre com frequência neste período.
A gravidez requer atenção redobrada pois, neste período, os vômitos e, por consequência, a acidez da saliva aumentam, facilitando o desenvolvimento da erosão do esmalte. Ainda, caso haja dificuldade de escovar os dentes pelo mesmo ou outros motivos, o risco de cárie também aumenta bastante.
Mas e a saúde do futuro bebê?
De acordo com dr. Gabriel Politano, alguns cuidados de posicionamento na cadeira odontológica e condutas clínicas adequadas para gestantes são importantes, mas, além disso, o profissional deve saber escolher o anestésico local e medicações adequadas. De forma geral, para gestantes saudáveis, todos os tratamentos curativos devem e podem ser realizados.
E a saúde do futuro bebê é tão importante quanto a saúde da gestante. E começa ainda nesse período. Na reta final da gravidez, a gestante já receberá orientações sobre os cuidados primários que, se deixados para serem realizados após alguns meses, já poderá ser tarde. Por exemplo, o incentivo ao aleitamento materno e dúvidas quanto ao uso de mamadeira e chupetas precisam ser informados aos pais o mais cedo possível. Além disso, há condições bucais, como a anquiloglossia (língua presa), que inviabilizam o aleitamento materno em alguns bebês. O odontopediatra é um dos profissionais que costuma diagnosticar e operar esses recém-nascidos quando necessário.
Posteriormente, orientações quanto ao tipo de escova, pasta de dentes e hábitos alimentares são fundamentais. O importante é os pais entenderem que a prevenção da cárie depende de alimentação regrada, baixa frequência de carboidratos e escovação com pasta de dentes com flúor (acima de 1000ppm), pelo menos duas vezes ao dia, desde o primeiro dente. Para menores de 3 anos deve-se utilizar o equivalente a um grão de arroz e, acima dessa idade, um grão de ervilha.
Com consultas ao odontopediatra desde a gestação e, após o nascimento, a cada 3, 6 ou 12 meses (de acordo com cada indivíduo), as crianças crescerão sem doenças bucais.
Revisão de estudos reforça a importância do acompanhamento odontológico durante a gravidez. Descubra por que problemas bucais da mãe repercutem no bebê
Uma revisão de estudos da Universidade Pedagógica e Tecnológica da Colômbia revelou que gestantes com periodontite (infecção que destrói a gengiva e até os ossos que dão suporte aos dentes) correm um risco duas vezes maior de passarem por um parto prematuro (ocorrido com menos de 37 semanas de gravidez). Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores compilaram dados de 20 artigos científicos sobre o tema. No total, a análise abrangeu 10.215 mulheres de diversos lugares no mundo.
Resultado: em 60% dos levantamentos, a associação entre infecção periodontal e aumento da possibilidade de parto prematuro foi confirmada. E para entender o que explica essa associação, é necessário esclarecer como a periodontite surge.
De acordo com o odontopediatra Gabriel Politano, do Ateliê Oral Kids, em São Paulo, existem bactérias que permanecem o dia inteiro na saliva. Quando não há uma higiene bucal adequada, elas grudam nos dentes, formando a placa bacteriana (ou biofilme).
“O organismo, então, passa a se defender da infecção. Dessa maneira, surge uma inflamação: a gengivite. Se não for tratada, ela evolui para a periodontite”, explica o dentista, que também é diretor do Departamento de Odontologia para Gestantes e Neonatos da Associação Brasileira de Odontopediatria (Aboped).
Os sintomas costumam ser brandos: pequenos sangramentos na hora da escovação, mau hálito e inchaço gengival. “As pessoas acabam negligenciando por não causar dor, como uma cárie, que atinge o canal do dente”, lamenta Gabriel Politano.
O problema é que as bactérias por trás da periodontite não necessariamente ficam restritas à boca. Elas são capazes de viajar pelo corpo através dos vasos sanguíneos. “Quando a infecção é severa, que acomete todo o tecido de sustentação do dente, e o agente infeccioso cai na corrente sanguínea, se dissemina pelo organismo, alcançando o útero, o sistema imunológico aumenta a produção da prostaglandina, uma substância que ajuda a combater esses inimigos, mas também induz ao parto”. A situação se torna mais preocupante porque as gestantes são propensas a desenvolver gengivite e periodontite devido ao aumento da concentração dos hormônios. “Eles fazem com que a gengiva inflame com facilidade”, justifica Politano.
Entretanto, o desenvolvimento dessa doença é lento. Então, quanto antes for diagnosticado, menor perigo a futura mamãe corre.
A detecção da periodontite geralmente é realizada no consultório do dentista – às vezes, um exame de raios x é necessário – e o tratamento também ocorre por ali. Nas mulheres grávidas, o momento ideal para intervir é no segundo trimestre, quando há menor risco para a mãe e o bebê. Contudo, sempre vale conversar com o profissional.
Agora, mais importante que o diagnóstico precoce é a prevenção. “Assim como qualquer outra pessoa, as gestantes precisam manter a saúde bucal em dia. Isso significa se alimentar conforme a sugestão do obstetra e escovar os dentes de forma correta”, orienta Politano.
O especialista aconselha que as mulheres visitem o consultório odontológico duas vezes durante a gravidez.
Consultórios especializados em gestantes
As associações médicas e odontológicas brasileiras e internacionais, além do Ministério da Saúde, colocam o exame bucal como essencial durante a gestação. A visita ao dentista irá prevenir e/ou tratar condições, muitas vezes, com sintomas sutis, como por exemplo o sangramento da gengiva, que ocorre com frequência neste período.
A gravidez requer atenção redobrada pois, neste período, os vômitos e, por consequência, a acidez da saliva aumentam, facilitando o desenvolvimento da erosão do esmalte. Ainda, caso haja dificuldade de escovar os dentes pelo mesmo ou outros motivos, o risco de cárie também aumenta bastante.
Mas e a saúde do futuro bebê?
De acordo com dr. Gabriel Politano, alguns cuidados de posicionamento na cadeira odontológica e condutas clínicas adequadas para gestantes são importantes, mas, além disso, o profissional deve saber escolher o anestésico local e medicações adequadas. De forma geral, para gestantes saudáveis, todos os tratamentos curativos devem e podem ser realizados.
E a saúde do futuro bebê é tão importante quanto a saúde da gestante. E começa ainda nesse período. Na reta final da gravidez, a gestante já receberá orientações sobre os cuidados primários que, se deixados para serem realizados após alguns meses, já poderá ser tarde. Por exemplo, o incentivo ao aleitamento materno e dúvidas quanto ao uso de mamadeira e chupetas precisam ser informados aos pais o mais cedo possível. Além disso, há condições bucais, como a anquiloglossia (língua presa), que inviabilizam o aleitamento materno em alguns bebês. O odontopediatra é um dos profissionais que costuma diagnosticar e operar esses recém-nascidos quando necessário.
Posteriormente, orientações quanto ao tipo de escova, pasta de dentes e hábitos alimentares são fundamentais. O importante é os pais entenderem que a prevenção da cárie depende de alimentação regrada, baixa frequência de carboidratos e escovação com pasta de dentes com flúor (acima de 1000ppm), pelo menos duas vezes ao dia, desde o primeiro dente. Para menores de 3 anos deve-se utilizar o equivalente a um grão de arroz e, acima dessa idade, um grão de ervilha.
Com consultas ao odontopediatra desde a gestação e, após o nascimento, a cada 3, 6 ou 12 meses (de acordo com cada indivíduo), as crianças crescerão sem doenças bucais.
